Eu não devia ter ido.
Você me alertou.
Quando ainda nem era amanhã direito.
Eu acordei.
Com você do meu lado.
Avesso.
Embrulhada com meu estômago.
Deitada em minhas costelas.
Exposta no hall.
Presa em meu pescoço.
Eu me prometi.
Que não deixaria você partir.
Mas eu mesmo fiz o teu parto.
Normal.
E nem mesmo lavei minhas mãos.
Pra pôr os discos na mesa.
Cozer a esperar dos teus olhos grandes.
Confeites de crueldade.
Há versos dentro dos biscoitos.
Na lata de ervilhas.
Na garrafa de saquê.
No outro incômodo.
As pessoas celebram sua própria ignorância.
Obsoletas demais para ensaiar qualquer reação.
Assistem seus espectros dançarem na sala.
Enquanto esperam o moço ficar pronto.
Pra oferecerem aos seus demônios disfarçados.
Com ternos de linho.
E túnicas de plástico.
Desencadeiam surtos cativos.
Regidas pela orquestra muda.
Que a tempos não tocam.
A campainha.
E nem avisam à chegada.
Orgãos apodrecem no carpete da sala.
Pessoas esperam na fila.
E passam mal.
Passam por mim.
Enquanto eu passo o tempo inteiro.
Passado.
Possuído pelos teus fantasmas.
De estimação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário