Não
é que a tua voz me incomoda.
Eu só me acostumei com a última faixa desse disco.
Deixe tocar mais um pouco.
Prometo que essa é a penúltima vez.
Gosto de você.
E do que faz em mim.
Mas não me pede pra ir contigo.
Gosto daqui. Desse lugar.
De escrever pra ninguém.
Além de mim mesmo.
Sem sentenças, nem métricas.
Me sinto tão livro.
Sei lá.
Narrativas projetadas em minha pele.
Me fazem prólogo e posfácio.
E quase não me entendo quando leio.
Sem precisar explicar cada parágrafo.
Eu sei que você também.
Mas não me pede pra ficar.
Há espaço demais na sua cama pra nós dois.
E eu não o mereço.
Não pertenço à ela, nem à você.
E eu fiz. Me escrevi com você.
Mas me faltaram ideias.
Ou talvez elas nunca tivessem existido.
Eram só teorias. Planilhas de gastos mensais.
Você pode até me chamar de corrosivo.
Que eu não arrumo a cozinha.
Mas não me entenda mal.
Não é nada com você. Não é nada com ninguém.
Talvez eu só tenha aprendido a ficar um pouco quieto.
Em espera. Não consome tanta energia e soa bem.
Não sou uma má pessoa.
Mas escolhi ser meu próprio demônio.
Pra dançar com ele.
A noite inteira.
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