4.7.13

Soneto de mim mesmo

Meus lábios denunciam.
O trago dos meus dentes.
Estávamos brincando de ciso, mas você sempre ri.
E as manhãs são tão curtas que até parecem que foram cortadas a tesoura.
Não fiz ao menos a bainha.
Porque não há razão. Não há sanção que me cubra quando a dor é precisa.
Meticulosa.
Só preciso me sentir nu.
De certezas enlatadas. Fé em pó e amores em conserva.
Meus versos tristes são crias de meu ventre decrépito.
Ao avesso do inverso que me propus.
Que não me canso de ser tão cru.
Desnutrido de convenções.
Padeço sobre o meus rompantes de coragem.
Da cor que tenho.
Me faço forasteiro.
De todo lugar. De você. De mim.
Nômade apócrifo.
Mantido vivo em uma incubadora.
Desconheço as vezes as vozes que me chegam.
Nas horas mais minhas.
Sinto tanta falta de mim
Que quase não me reconheço no espelho.

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