11.6.13

Sofia

A bailarina recusou-se a findar a dança.
Perderam-se os acordes. As notas que trançam.
Anota o que lhe fala.
A tua pele branca irrita os meus olhos.
Sentencia-me ao desatino de querer-te tanto em minhas conversas de calçada.
E eu cego, sigo os teus dedos magros acompanhado em procissão os fios de cabelo que circulam as tuas orelhas.
Riffs de guitarra com samples distorcidos não te impressionam mais.
Nem cartas escritas por intenso que seja.
Eu só quero o tanto de vislumbrar-te em teu repouso.
Na pausa que te faz deitar-se sobre o asfalto.
E desenhar formas de luz com os faróis dos carros congestionados em teu nariz.
Sofia, o discurso já não te apetece.
O niilismo vaidoso em tua prece.
O altar no dirigível já não carece da tua fala que contorna riachos de beira de estrada.
A tua voz deveria tocar em todas as estações, Sofia.
E o teu sorriso, condenar as almas do purgatório.
Da visão dos teus quadris circulando desenhos na calçada enquanto as conversas não vem.
Enquanto com versos lhe tem aqueles que como à mim.
São canibais de si mesmos, implorando pelo teu desejo.
Faltava à ti uma canção minha, já não lhe falta.
Sobra à mim, viver no teu encalço.
No barulho que o teu calcanhar faz.
Quando rompe o vazio do silêncio.
Com guizos e sinalizadores de navio.

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