11.6.13

O Homem de Sobretudo

O homem de sobretudo que havia de acreditar.
Creditou suas preces ao rapaz que venho montar o seu armário da cozinha.
Eu queria poder acreditar nele. Queria poder acreditar em você.
De verdade.
O homem de sobretudo perdeu a sua fé em alguma esquina cheirando a banheiro público.
E converteu suas certezas em café em pó.
E não sobrou mais nada.
Acordou meia hora mais cedo e arrastou o seu tecido pelas tuas inabitadas entranhas.
As luzes nem tinha sido acessas ainda e suas pupilas jaziam em valsas desafinadas.
Ele soprou a luz dos postes e ficou ali.
Envolto por todos os fantasmas que sopravam em seus ouvidos.
“sobretudo que há, não há nada mais do que vê”
Apavorado entrou numa loja de penhores e o penhorou.
E o ponderou. E se pôs de joelhos a contar.
Acampando em suas costelas o caminho que perdera.
O homem de sobretudo que havia de acreditar.
Perdeu sua religião em alguma fita-cassete velha do R.E.M
Numa imagem estática de si.
Num lampejo de convicção se enforcou.
E forçou a não cobrar-se mais de tanta razão.

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