Quando me perguntam, costumo dizer que não sou poeta, letrista ou cartunista.
Fico mais contente com a alcunha de transdutor de ideias.
Pode parecer um pouco presunçoso de minha parte, mas acredito que colocar-me a frente das ideias como uma espécie de criador delas me soa bem mais fátuo.
Sou subserviência.
As ideias me ocorrem, numa espécie de outra frequência.
Numa linguagem, que posso afirmar não é da prole desse plano.
E no instante fugaz que elas se mostram pra mim tento trazer o que elas dizem pra cá.
O que determina o que vão se tornar são elas mesmo e a minha plebe habilidade de enxerga-las à fim de transcrevê-las.
Quando consigo vê-las com uma breve nitidez, as desenho.
Quando só consigo escutar os seus sons, harmonizo-as.
Quando junto aos sons enxergo outra coisa, componho.
Quando mostram-se pra mim em grafias, escrevo.
Se o encontro for curto tiro dali uma poesia, mas se as ideias, em sua infidavel benevolência, me concederem mais alguns minutos, arranco um conto ou uma prosa-poética.
Não sou poeta, letrista ou escritor, tampouco sou cartunista ou compositor.
Essas alcunhas, deixo pra quem cria ideias.
O meu servil papel é de apenas traduzi-las.
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