18.1.13

Mediterrânicos

Cobre o teu corpo.
Com o meu.
Enquanto somos cobertores de lã e de ovelha,
No escuro claro de nossos reinos submersos.
Os únicos sobreviventes do nosso próprio universo.
Cultivado à esmo.
Como duas crianças que se despejam em lagoas de beira de estrada,
Em gotas de chuva.
Molha o meu rosto.
Torrencia-me com os teus lampejos de insanidade.
Percorre o meu abdômen, separa-me dos teus rodeios distorcidos.
Em frequências de rádio obsoletas.
Inunda-me de teus olhos azuis, e enche-me a boca de tuas promessas salgadas.
Dos teus murmúrios  ao Walkman.
Ao interfone que não funciona mais.
Povoa os meus ouvidos com os teus corais dominicais, tuas confidências sacras.
Morde-me as nascentes equatorianas.
Assalta-me as cercas e os acertos.
Mergulha-me como se eu fosse o balanço de parque riscado com tuas unhas.
Encontra-me em cachoeiras e em corredores de supermercado ao sábados.
Em corais, circundados pela tua corrente invasiva.
Pelas noites frias fragmentadas em caixinhas de músicas.
Emendadas por gaitas que rasgam-nos em vigílias.

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