9.3.13

Necrópole

Se dobrou e colocou no bolso.
Quis se jogar na primeira lixeira que encontrasse.
Mas hesitou em fazê-lo.
Queria vezenquando revisitar aquilo que fez. Dá-se conta da sua idiotice.
Não pra fazer de outro jeito. Não havia mais tempo.
Estava só. Perambulando em cidades fantasmas, planetas desabitados, galáxias estupradas pelo barulho mórbido de sua própria respiração torpe.
Ficou ali no saguão daquela rodoviaria fria.
Falas de pessoas desconhecidas corriam pelas paredes.
Sentou sobre suas pernas e cedeu.
Ali era uma grande e viva ferida ambulante. Talvez a maior que já houvera.
Manchou todo o piso de sangue e arrastou-se para a saída aos gritos surdos de um velho com uma vassoura na mão.
Talvez não ouvisse ou só não se importasse.
Ele não se importava.
Não ligava mais pra nada.
Só queria chegar em casa.
Não sabia o que ia fazer lá, mas pelo menos era um lugar sem platéia.
Odiava platéias.
Era ator.

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