As pessoas estão, logo ao lado, sendo lindas fontes de
inspiração poética. As pessoas dizem "eu amo você" no terceiro
encontro. Elas pensam em se casar, ter filhos, um carro família e dois
cachorros. Elas pensam em se mudar pra um canto bem longe só pra ficar perto de
alguém, mesmo estando perto de 300 mil outras pessoas que elas não fazem
questão de conhecer. As pessoas estão, logo ali, sendo algozes de
infinitos corações partidos. Então, as pessoas desamam no vigésimo encontro
porque tiveram um dia ruim. Elas terminam o casamento, brigam pra decidir o
valor da pensão dos filhos e sobre quem vai ficar com o carro velho da família.
Os cachorros, sabe como é, ficam com quem tiver a varanda do apartamento maior.
As pessoas pensam em se mudar pra longe só pra ficar distante de alguém que se
amou, mesmo que, por consequência, acabe ficando distante de todas as outras
coisas que deveria se amar também. As pessoas estão, na rua da frente, na casa
do lado, na praça do bairro, mudando de ideia. Enlouquecidamente. O tempo
inteiro. Elas eram assim mil anos atrás e serão assim dez mil anos à frente.
Agora veja, por que a inconstante haveria de ser eu, só porque, ora odeio as
falhas da sua barba, ora te amo inteiro?
T. Feer.
Disponível, originalmente, em: http://raspaseversos.blogspot.com.br/2013/09/predilecao.html
T. Feer.
Disponível, originalmente, em: http://raspaseversos.blogspot.com.br/2013/09/predilecao.html
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