15.3.14

Maiandra

Meu ofício é um osso quebrado.
Partido ao meio.
Por divergências ideológicas.
Discursos decorados.
Na estante de tua sala.
Só pro seu governo.
Eu não tenho mais ido lá.
Acho que perdi meu senso de justiça.
Pedi as contas.
Meus versos estragaram.
Quando você descongelou a geladeira.
E apodreceu tua carne.
Larva às mãos.
Antes de sentar à mesa.
Teu artifício fica exposto naquela vitrine.
Nessa lógica escopifilica de nunca cobrirmos.
Nossos corpos.
Talvez seja o nosso plano.
De saúde.
Vencido pelo cansaço.
E pela cotação do dólar.
Meu desperdício é ver-te assim.
Deitada sobre esse co(r)po vazio.
Cheia de vi(n)da, (r)indo pra qualquer lugar.
Que lhe caiba entre os dedos.
E na parcela mínima do cartão.
Decrépito.
Acho que machuquei minha perna.
Talvez até tenha faturado algum osso.
Num desses bingos beneficentes.
Da terceira idade.
Onde todo mundo esconde o jogo.
Debaixo do tapete.

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