21.10.13

Vigésimo primeiro dia.

Quem além de nós
Podem ser tão seus.
Como somos?
Como as sobras do teu prato.
As sombras do teu pranto.
Desenham rotas em meus dedos.
A pago em carnes pre-datadas.
Que eu mal tenho tempo de cozer.
Apago as luzes.
Desse quarto.
E deixo o escuro ungir.
O seu óleo casto.
Desfeito pelos teus.
Amendoados.
Com lápis e um pouco de rímel.
Teço rosários em teu louvor.
Te lavo em água corrente.
Limpo o meu acaso inteiro.
Te faço esse favor.
Tenho todo o tempo do mundo.
Mudo minha calma de lado.
Durmo do outro.
Se você ficar.
Assino qualquer contato.
Que me entregue pra você.
No endereço que consta no envelope.
Me faço de teu criado.
Escrivaninha em minhas costas.
Tuas sentenças bonitas.
No quintal ficam expostas.
Pra quem quiser ver.
O quanto de você.
Eu sou feito.
Orações que me deitam.
Bem distante do sono.
Tua voz que me entorna.
Me dá contorno.
De mão única.
Me inscreve em tua falta.
Significantes de outra ordem.
Bordam colchas de retalho.
Em bonecos de Lego.
Abordo tuas coxas.
Pernas e braços.
Assalto os teus traços.
Sem aviso prévio.
Me despejo em tua boca.
Trago as tuas pernas.
E me faço fumaça.
Em teu nariz.
Se demoro.
Em minha estadia.
Tão logo.
Tardio.
Ao longo do teu corpo.
Você me houve.
Dentro de você?



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