Casa comigo.
Seja a minha casa.
O meu templo.
Que eu serei o teu tempo.
Teus minutos apressados nas manhãs que acordaremos tarde.
Teu cobertor de lã pra noites frias.
As tuas tardes de domingo.
A tua prece.
A tua pressa.
Serei as histórias mal inventadas que te fazem dormir.
O teu suco de laranja sem muito açúcar.
O teu copo de leite quente bem cheio.
Serei a luz acessa que te espera até tarde.
Serei a chuva de fim de tarde pra florir o teu cabelo.
O teu cuidado. O teu esmero.
Serei o dedo que desfaz a cobertura do teu bolo de cenoura.
Que contorna os traços dos teus lábios.
Os terços do teu corpo.
Serei tua varanda.
O varal pra você estender os teus vestidos.
Os teus sorrisos.
Os mais bonitos.
Serei a tua calma.
A tua cama.
Serei teu sossego.
O teu refúgio.
A tua travessia
Dar-te-ei os meus ouvidos.
Pra que faças deles receptáculo dos teus dias mais cinzas.
Dar-me-ei à ti nos dias que o teu verde perder a cor.
E quando quiseres sumir, voltar a ser criança.
Esconde-Esconde em mim.
Que eu serei o avesso dos teus sentidos.
A graça do teu menino.
Serei o café amargo que vai te fazer brigar comigo.
O leite derramado no fogão.
A toalha molhada em cima da cama.
Serei a poesia feita às pressas.
O meu pedido de desculpas.
Serei a dança que te faz desenhar o piso.
A trança mal feita que te faz se perder em riso.
Serei a tua janta.
A tua manta.
Serei tua morada.
O teu marido.
O que você quiser.
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