23.5.13

Se eu amaria Alice?

Não te enxergo.
E se pudesse.
Mesmo assim não a veria.
Não haveria olhos.
Nem asas que chegassem tão longe.
Aonde dormes. E repausa o tanto.
Perto da tua morada.
És filha do canto.
Do encanto ao invisivel.
Dom do ventre que lhe guarda.
E resguarda os teus prantos.
Contidos. Contados um à um.
A cortes de espada.
És filha da tinta.
Que cobre o tecido branco de negro.
E nega, mesmo à si, toda forma de medo.
És filha do tanto.
Do teto e do tato que pra cura é tão perto.
Nesse mundo miúdo, tanto quanto o teu corpo.
É dela o templo e o tempo que protege o teu rosto.
O teu porto. O teu parto.
Os teus olhos, claro que vinde ser verdes.
Lagoas de praça pública.
Os teus cabelos. Cá já tão belos em minhas orações.
Os teus dedos e pés. Tuas mãos.
Que devem saber. E caber em meus braços.
No teu berço voador de ser cria dessa terra,
Pois és filha daquela. Que circula sóis em janelas.
Une versos em platéias vazias.
Filha do tempo. Da pipa.
Da corda que prende e solta.
E salta aos sonhos.
Aos teus. Ateus de Morfeu.
Que já nem precisa fazê-los.
Desenha-los.
Há de voar, Alice.
Há de ser tanto e tudo.
Há de ser plano e fundo.
Corpo celeste.
Ser leste, oeste, norte e sul. Sol.
Há de ser você, Alice.
A Maria. Amar. O amor.
Se eu amaria, Alice?
Já há amor.
Sorri. Pois é teu de herança.
O reino da ruina que não cansa.
De não ceder. Nem fita. Nem rádio.
Que dança e trança versos.
És filha de tua mãe.
Da tua mão e do teu mar.
Amar, Alice.
Pacificos e Atlânticos.
Há mar, Alice.
Pra tu e tanto.

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