12.5.13

Pardon Me

É quase de manhã.
E já é tão tarde.
Eu ainda nem anoiteci direito.
O escuro-humano que seguro em mãos já não me protege.
Já não funciono mais.
Nem o cigarro mentolado e a meia dúzia de acordos estuprados.
Violados por minha palavra insegura.
Não consegui nada.
Pardon me.  
É quase inútil. Eu sei.
Sou quase alguma coisa. Não sou inteiro.
Reitero-me de minha afirmação.
Afirmo se for preciso.
Mas não é.
Olho pela festa da fechadura o homem que um dia fui.
Sinto tanto por não senti-lo mais.
Pardon me.
Mas não posso mais selo.
Enderecei-me à você há tanto tempo atrás.
E lambi a carta como quem lambe uma ferida.
Na tentativa mórbida de cicatriza-la em minha língua.
Em carne viva.
Em carne, viva!
Pardon me, mas eu já nem enxergo.
Não escuto.
Nem mudo.
De certo já não mais.
Decretos atrás na putrefação dos meus sentidos
já ofereci os que ainda servem à você.
Minhas memórias.
Meu Disco D.
Se ao menos houvesse um interruptor nesse quarto
Apagaria-me aqui.
Pagaria o que fosse necessário.
Pra me arrancar de ti.
Pardon me.
Eu não posso.
Eu não passo de uma pessoa sem posse.
De si. 

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