4.7.12
A cidade embaixo da lagoa da praça.
Avenida quatro, três e dois da manhã.
O dia só está começando a escurecer, e os pássaros já cantam.
E em seus trompetes anunciam: a cidade embaixo da lagoa da praça, vai acordar.
"A corda"!
O pequeno homem de olhar engraçado, e semblante triste repete pela enésima vez o seu oficio.
"A corda". Braveja, "A corda. Preciso puxar a corda", ele repete pra si mesmo, incisivamente.
Balbucia mais meia dúzia e meia de orações. E salta.
"Assalta-me em teus terços, de que me vale esse sofrimento?" Ele canta.
E conta em seus dedos quanto tempo resta.
"Pra quê mesmo?" Ele já esqueceu.
E fugaz como sua vinda, ele desaparece. Lá longe, canta mais alguma coisa que a cidade não se importa em ouvir.
Ela emerge.
As luzes dos postes continuam apagadas.
E as sombras nas paredes brincam, correm, distorcem-se e contorcem-se, algumas rodopiam e outras saltam.
Assaltam-me enquanto as olho. O senhor do meu lado, me avisa.
"Cuidado, aqui é calmo, e é sereno demais."
E logo em seguida me pergunta: "Vai embora pra ficar?"
Eu respondo: "Ainda não sei, decidirei enquanto vier".
A mulher que segura um jarro de água, passa por mim, e cantarola em meu ouvido.
“ Já é hora da banda chegar, a banda já vai passar. Tamborins, confeites e biscoitos de leite. A banda já vai passar. Apresse-se”
Mas ela segue em direção oposta ao som. E eu aposto que mesmo assim o ouvirá.
A postos, me faço. Pratos, arrancam-me um suspiro.
Já é hora da cidade embaixo da lagoa da praça, dormir.
Lá vem novamente o pequeno homem engraçado de semblante triste.
E ele continua contando nos dedos, aquilo que ele já não se lembra mais.
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