26.5.15

Homme

Eu sou um estrangeiro.
Sou espaço inabitado.
Escolha forçada.
Sou palavra.
Forjada.
Sob a carne.
A imagem do meu pai.
Me chamam moreno.
Por causa de minhas mãos.
Que são negras.
Me chamam homem.
Por causa do meu cabelo.
Que é grande.
E dos meus pés.
Que são só dois.
Eu acho bonito.
Aquela imagem do outro lado.
Da rua.
Mas eu não sei onde eu fico.
E se vim até aqui.
É porque não sei onde fui parar.
Eu sou um estrangeiro.
Não tenho nenhum nome.
Só esse.
Fui palavra.
Talvez a mesma que a sua.
Mas eu não falo.
E não tenho um corpo.
Até tentei.
Mas pareço não servir.









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