17.5.13

Demônios em minha cama (You make me feel)

O barulho da chuva escorre do outro lado da janela.
E corre solto e descalço por essas calçadas tão nuas.
Tão tuas.
Dança com os meus sentidos.
Trança os meus instintos.
Que um-a-um despedem-se de mim.
Despedaçam-me.
Eu só devia está dormindo.
Mas me recuso à fazê-lo.
E como sequência disso te inscrevo em meus pulsos.
Há tanto em mim que eu já nem sei.
Que eu já nem sou. Nem sol. Nem só.
Suspendo a agulha que sutura o disco.
Suspenso, cortejo a vista dos teus olhos claros.
Que como um clarão me cegam.
"Me segue?"
Você sorri.
Eu sou rei.
E vassalo de mim mesmo.
Por aqui há tantos de mim que eu já nem enxergo.
Talvez eu ainda seja um desses.
Alguma parte desse tecido mal costurado.
Tenho sido tão pouco. E você tanto.
E no entanto que somos nós dois, afinal ?
O final dessa cama parece me engolir.
Em gole.
Rasga o tecido interno de minha garganta.
Apreendo-me eu teus terços.
Rosários que me protegem.
Do sono que não vem.
Dos traços que tu tem.



Um comentário:

  1. Há tanto em mim que eu já nem sei.
    Que eu já nem sou. Nem sol. Nem só.

    Que belezaaa

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