10.3.13

Enxoval

Desliga o abajur, a luz lá fora, e arranca a manta da noite que se estende.
E pede pra que se ela for correr, que escorra entre as pedras  e jorre entre os nossos corpos nus.
Abraça o meu corpo. E traça as tuas rotas em minhas costas.
O teu rumo. O teu prumo.
Acorda os meus sonhos.
Com tua língua em minha orelha.
Em meu corpo.
Limpa o meu corpo inteiro com a ponta da tua língua.
Morde o meu queixo, e colhe as roupas no varal.
Não há vento suficiente.
Não há tempo eficiente.
Préfixos são apenas sufixos que perderam a hora.
TV’s são só livros mudos.
Que por alguma razão perderam a infância e a imaginação.
Mudos.
Mudo a minha cama de lugar.
Essa colchão é grande demais pra mim. As bordas devem está à kms daqui.
Desliga o abajur, apaga as estrelas, cobre o teu corpo com aquelas nuvens grossas e escuras, e me sequestra pra morar dentro do teu corpo.
Pra moldar o teu dorso.
E costurar o teu enxoval.
A tua pele na minha.

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