Um ser só

Lentamente chegaram o silêncio dos seus passos sincronizando com o som das respirações. 

Sentaram-se um perto do outro, e começaram a observar o céu, e o céu por sua vez começou os observar.Traziam nos seus rostos as mesmas marcas. 

Por um instante era como se seus olhos já houvessem percorrido os mesmos olhares, as mesmas distancias, os seus corações sentido as mesmas perdas, amores arrancados, outros pendurados.

E hoje ali eles estavam , bordando a mesma canção, ecoando as mesmas notas.

Como escritos do destino, querer dos quereres.

Longos poucos minutos estenderam-se por sobre os seus olhares tímidos.

O momento havia chegado. O garoto rompeu o silêncio, levantou-se e começou a andar , a menina de início só o observava, era notória a sua hesitação, o medo o acompanhava, imitando os seus passos. A menina percebendo, pôs a mão no seu ombro e como alguém que fala sem dizer, ele a ouviu, parou e virou-se aproximando o seu rosto do dela. 

Cada vez mais perto, mais perto.

Já podiam sentir nitidamente a respiração acelerada um do outro, envolveram se naquele momento híbrido. Porque embora sentissem medo daquela aproximação, seus corpos já não respondiam. Era inútil tentar fugir.

E então bastou apenas um olhar dela para confirmar o que as palavras já não conseguiam traduzir. Olhares, toques e caricias foram trocados perante uma noite fria à beira do rio. Tendo somente a lua e o som leve/suave da água cristalina desaguando rio abaixo. Naquele meio tempo eles sonharam acordados e ao mesmo tempo percorreram aos lugares mais românticos possíveis.  A eternidade estava ali, naquele pequeno instante, e quando já estavam voltando à vida real, o sonho foi interrompido; seus lábios se entrelaçaram e naquele exato momento acabara de nascer um sentimento puro e verdadeiro. Eles estavam se amando e já não havia motivos de estarem tão distantes um do outro. Fitaram-se por um momento e as palavras começaram a sair de uma maneira espontânea e ao mesmo tempo já programadas e ensaiadas há tempos atrás. Rosto com rosto, pele com pele e seus perfumes se misturavam, já não eram mais dois, haviam permitido a condição de ser apenas um... Um ser só.

                                                   Por :  Geoh Cardoso e Ceci Costa '